A voz equivocada da África
está nos griots como em Senghor:
ambas se vestem de molambos,
de madapolão ou tussor,
para exlarmar-se de uma África,
de uma arqueologia sem restos,
que a história branca e cabras negras
apuraram num puro deserto.
Quem viveu dela e a destruiu
foi expulso, mas está na sala;
para que se vá de uma vez,
tem de ser de não, toda fala.
Não, do sim que seus poetas falam,
e que era bom para o ex-patrão:
ainda escrever vale cantar,
cantar vale celebração.
África & Poesia - João Cabral de Melo Neto


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