Sobre o cotidiano

Meu arsenal imaginativo voltou a deslanchar, sem os ares reflexivos românticos dantes utilizados.

Bom, há tanto pra se escrever que tive que fazer uma listinha na sala de embarque, prestes à entrar na sanfoninha, que leva ao aeroplano. Eis a lista inicial sobre alguns assuntos do cotidiano:

- Praia: A difícil busca de um lugar ao sol

- Aeroporto: Um caso de paciência e imaginação

- Pensamentos: Sobre o que pensam a maioria das pessoas?

- Medição: Sobre o que as mulheres reparam nas mulheres e por quê?

- A diferença genérica entre as conversas masculinas e femininas

- Lembranças de paixões passadas (motivos banais que as despertam)

- Conversas irritantes no celular

Então, comecemos pelas irritantes conversas no celular. Incluo nesse exato momento a fala da aeromoça: “os passageiros que não tiverem condições de fazer a saída de emergência, queiram por favor entrar em contato com a organização (ou coisa semelhante) desta cia". Isso é papo para uma boa risada. Qual seria a pessoa preparada para uma saída de emergência em um avião? E se ninguém se sentisse preparado? Levantariam todos ao mesmo tempo? Haveria um congestionamento no vão que leva à cabine do comando da aeronave? Meu Deus, help me! Depois destrincho mais sobre essa inusitada advertência. Outro assunto, surgido no momento pós-fala-automática da aeromoça, é o das inevitáveis conversinhas para preenhcer silêncios incômodos. Se você conhece alguém há bastante tempo e tem um pouco de empatia, saberá que, muitas vezes, não é necessário o pronunciamento de uma só palavra, pois o silêncio não causa ansiedade. É quando existe cumplicidade. Ficou bonito isso, não? Eu achei. Se você está na janela e duas cadeiras desocupadas estão ao seu lado, você já fica meio que mirando o jeitão de cada um que adentra o avião, numa expectativa de não precisar de compartilhar a sua voz, saúde, energia, pensamentos e tudo mais, com alguém que não lhe causa vontade de fazê-lo. Torce pra não ser aquele sujeito eufórico, que já chega compartilhando a conversa íntima que está tendo no celular, com aproximadamente 200 pessoas que estão ali, obedientemente assentadas em suas poltronas. Torce. Muito. Mas, apesar da efusiva torcida íntima, que soa como um mantra “ele não vai se sentar ao meu lado”, a criatura vem, firme e decidida, em sua direção. E pra sentar onde? Na fileira em frente ou atrás da sua? Não. Ao seu lado. Ou melhor, ao seu “ladinho”. Seguramente ele já chegará fazendo a acrobacia de equilibrar o celular, sorrir pra você, abanando a cabeça, enquanto acomoda a pasta de “business man” no vão superior e logo depois fecha a portinha daquele armariozinho, tira o paletó, tudo com a conversa do celular ainda em jogo. Você já sabe que ele trabalha em alguma mega-empresa, pois as cifras estão sempre pra lá de 100 mil, também pressupõe outras coisas sobre sua vida. Mas, deixemos isso pra depois. O assunto é demasiado extenso, se contado em detalhes. Ok. Não há alternativa. O sujeito vai puxar um bela de uma conversa, vai escutar pouco ou nada do que você fala, e te cansará. Muito. Por quê? Pelo simples fato de que ele já vai no clichê-mor que é pergunta ou exclamação sobre o tempo. Isso tudo, com uma expectativa interna de que você se encantará com tamanho dinamismo e simpatia. Continuo depois. Ou não. Essas figurinhas me cansam. Acabei não falando nada sobre conversa ao celular. Tchau. Fui.

5 comments:

Deborah said...

hihi, muito bom Clara. Isso sempre acontece comigo. Especialmente a parte do riso e estranhamento após o "se a pessoa não se sentir preparada peça aos comissários para mudar de lugar". Eu fico esperando o dia em que alguém vai se levantar e dizer: "Eu não me sinto preparado". :) Beijo procê. E fique à vontade para se deleitar com Coltrane e todos os outros vídeos. Bom compartilhar os meus gostos!

Marcelo Mayer said...

muito bom!
como vc mesmo escreve: "clap! clap!"

Deborah said...
This comment has been removed by a blog administrator.
Legalmente Celle said...

hahahaah claro que falou sobre as conversar de celular! Você apenas externou o assunto; adoro pontos de vista inovadores!
Acho que dentre todos os seus textos já escritos, esse teve mais a sua cara, foi quase um grito de liberdade!
VIVA! hahaha \o/
Bjussssssssssss

Anonymous said...

nossa tem q ter folego pra chegar ate o fim...
mas eu gostei...

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