das memórias lá de longe, cá de perto.


Todo dia que eu abria o portão, tinha um caminho de conchas até a porta da minha casa. Tinha também um cachorro lindo, grande e que latia felizão da vida pra mim. Era o Rabicó. À noite, eu e meus irmãos pegávamos um colchão e colocávamos na escada para escorregar e fazíamos daquilo o nosso tobogã caseiro. Na hora de dormir eu ia pro meu quarto e ficava sozinha, meus dois irmãos dormiam juntos e eu me sentia a pessoa mais sozinha do mundo. Tinha uma porta que dividia um quarto do outro e eu batia na porta pra gente ir juntos no quarto dos meus pais pra esfriar o travesseiro no ar condicionado. Era uma farra pegar aquele travesseiro gelado, colocar a cabeça por alguns segundos e depois querer o lugar um do outro de novo. E assim íamos repetindo aquilo até que nossos pais nos mandassem dormir. Ficava na cama um tempão pensando no meu dia e fantasiando sobre a vida, até conseguir pegar no sono. De dia, acordávamos cedo e depois do café, íamos pro colégio com minha mãe guiando a Brasília amarela quase bege.

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