Coisas da vida: trechos. Início dos escritos: jan/2002.

pessoas, momentos, coisas, fatos, que me marcaram, marcam e muito mais do que isso – pois tudo é sonho, tudo é delírio, do olhar, dos registros que fazemos e que vão nos moldando – e pelo caminho afora, vou acrescentando as densidades dessa vida tantas vezes superficial, delicada, esquisita, serena e infinita - deixo tudo em letras minúsculas, fica mais leve
o pão de sal delicioso da trigais e de tantas outras padarias que não me lembro o nome; a vontade de saber cada vez menos pra aprender cada vez mais; a beleza marcante dos traços da anouk aimeé; o papo cabeça de gente que fez história, psicologia, cinema, ou filosofia; os dias da minha infância; o discurso igualitário do darcy ribeiro; o sonho de paz que os hippies tinham pro mundo; ter conhecido um pouco sobre freud, reich e carl gustav yung; falar carl gustav só pra sentir o som forte do alemão; gente que sabe aprender enquanto ensina; minha cachorrinha, minha fiel companheira; gostar do silêncio reflexivo; especular sobre temas essenciais da vida, mesmo sabendo que isso não vai levar a nada; a delicadeza sublime das canções de tom e vinícius; gente que fala discurso, niilismo, atavismo, inexorável, poética, dialética, paradoxal e outras palavras de efeito; o idealismo heróico do che guevara; o carinho dos meus irmãos; a poesia em cada frase dos livros de raduan nassar; música francesa cantada com o acento forte dos imigrantes árabes e africanos; cheiro de bronzeador dos anos 70; a renatinha e seu jeito meigo e decidido de ser; ler colunas sociais e ver o quanto é bom estar distante do torpor desse mundinho deslumbrado; meu jipinho suzuki vitara todo cheio de barro; as músicas e composições do lô borges e do beto guedes; o talento do daniel dantas e da andréa beltrão no filme “pequeno dicionário amoroso”; gente com mais sabedoria que inteligência; conversa sem nexo; a beleza da isabelle adjani e da sophie marceau; gente do interior se arrumando pra passear; as aulas de teatro da rita; gente que faz tai-chi; ter tentado fazer de tudo um pouco; a música tema do filme “un homme, une femme” ;gente adulta com alma de criança; calça jeans surrada; chopp gelado só pra parar e falar da vida; a obstinação dos meninos que jogam futebol a qualquer hora em qualquer lugar; garrincha; a vontade de construir uma casa de campo com sombra e água fresca; a voz magistral da elis; gente que não encuca; o acanhamento e a poesia do carlos drummond de andrade; simplicidade suficiente pra enxergar a vida com bom humor; meus sonhos adolescentes de mudar o mundo;

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