Descaminhos do Caráter - Matéria escrita por Jurandir Freire Costa sobre o livro de Sennet (Clique no título para ler a análise na íntegra). Na modernidade ocidental, como fez ver Sennett, ocorreu uma radical alteração do "ethos" antigo: o cuidado com o caráter deu lugar à preocupação com a "personalidade". O outro deixou de ser o fiador da fidelidade do sujeito ao bem comum para se tornar o cúmplice ansioso ou "voyeurista" de suas idiossincrasias psicológicas. A privacidade burguesa criou a "tirania da intimidade" e nos levou a crer que a felicidade consiste, quase exclusivamente, em satisfazer as aspirações da vida afetiva. O bem-viver não era mais descrito como realização das virtudes públicas, mas como satisfação sentimental.
Em "A Corrosão do Caráter", Sennett dá um passo a mais na análise das metamorfoses da subjetividade. A cultura da intimidade, ao deslocar o centro da identidade pessoal do público para o privado, gerou um fator de instabilidade permanente na consciência de si. Os afetos, em especial os afetos sexuais, se mostraram incapazes de fornecer critérios duradouros para o julgamento ético do que somos ou queremos ser, dada a própria maneira como se constituem. Ou seja, uma das formas que temos de saber "o que é uma emoção privada" é justamente poder reconhecer o fenômeno mental sentido como algo que independe do escrutínio público para ser julgado bom ou mau. A vida emocional íntima, ao contrário da vida pública, é aquela em que podemos exercer, livremente, o direito à experimentação em matéria de estilização de preferências ou inclinações. Essa é a marca original e irrepetível da "personalidade" privada. (Clique no título do post para ler mais)


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