Sou do tempo em que se falava: sou do tempo ...



Sou do tempo em que cantar a música “dance and shake your tambourine, tambourine...” me fazia achar que um dia poderia ser uma bailarina, do tempo em que ainda existia Sears no Brasil, em que a Mesbla era símbolo de lojas de departamento, ela faliu, a Sears daqui saiu, outras continuam e novas entraram. Do tempo em que a revista interview era sinônimo da crème de la crème e os Mayrink da Veiga eram uma das famílias tops deste circuito. Pois bem, a família já não é mais nada disso e a revista fechou suas portas. Do tempo em que meias lurex com sandália eram o símbolo da juventude descolada e ir pra Nova York era o ápice da moda. Peitos pequenos e quadris largos eram sinônimo da mulher brasileira, representado pela atriz Sônia Braga. Muita coisa deixou de ser, algumas poucas prosseguem. Trago comigo essas lembranças e reflexões sobre a efemeridade da palavra sucesso. Me diverti muito nos patins de bota com rodas de cor rosa-choque leitosa, queria assistir ao show do kiss no estádio Mineirão, ir ao Rock in Rio na cidade maravilhosa, já usei gel pra levantar o cabelo e sombras coloridas pra dar aquele certo ar new wave, também cheirei lança-perfume antes de ser oficialmente proibido. Estou velha, cheia de saudades e não sei mais se sou ou não desse tempo de agora. Pensando bem, sou. Existo.

No comments:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...