
foto: Jardim Botânico do RJ, por Maria Colodete
oceano não seca
oceano que é oceano não seca.
se seca é só resto, deserto.
ir embora
significa não fazer demora
pras coisas que o coração não aprova
vou me embora
embora, embolada, saiba
o quanto do teu amor, aprovo
vou me embora
não provo mais coração dolorido
quero o mundo sorrindo,
mesmo com o coração partido
smile
miles aways, reencontrarei teus sorrisos
mil canções entoarei
vou me embora
meu choro secou
engoli, tá preso
sufoca
e duas mãos apertam minha garganta
enquanto
meu peito dói, dói, dói
amar, amor, só a dagmar
que soa
mar e ares de amor,
sem dor
dá-me o mar e o teu amor,
que mora em mim
embora, embolada, saiba
que só queres o mar, só
não seca teu oceano,
nem tua dor
nem todo teu amor
não seca teu oceano,
mesmo que andes todos os desertos do mundo
mesmo que tuas lágrimas correntes, congelem
mesmo que tuas lágrimas áridas, nada esperem
não seca teu oceano,
anos e anos construístes teu ser,
teu maior patrimônio
vou me embora
pra que desagues teu oceano
e revire-te
pra que ames tuas marés
e teu viés aberto
não seca teu oceano
não te cegues
não sigas passagens passadas
segue paisagens aradas, molhadas
e vivas
viva
e siga passando teu bastão
e não seques teu oceano
pra que exista tua combustão
vou me embora
pra que signifiques
tua entrega, teu coração
pra que destrates teus tratos desilusão
e me abras as imensidões
do teu coração
vai ser bom.
“antes de mais nada. tudo.”
(Michel Melamed)


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